quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O acidente

Eu tinha 18 anos quando sofri um acidente de moto, onde estava eu e um amigo.

Era um dia como qualquer outro... Fui trabalhar assim como todos os dias, eu trabalhava em um escritório de advocacia... Mas algo me esperava, nem tinha idéia do que, mas me esperava.

Quando cheguei ao escritório, liguei para minha mãe que morava em Rio Claro (interior de São Paulo)

Quando ela atendeu o telefone, ela estava chorando, então eu perguntei a ela: - Mãe porque esta chorando? E ela respondeu: - não é nada não filha. Eu sem entender continuei a conversa que durou muito mais que o normal.

Era dia 10/10/2007 véspera da véspera do feriado e eu tinha uma viagem programada para a praia com uns amigos, nessa época eu estava afastada dos caminhos do senhor.

A viagem estava toda programada, só faltava eu buscar a chave da casa da praia de onde iríamos como a casa da dona da praia era um pouco longe, pedi para esse amigo que fosse comigo até lá, ele trabalhava no bairro onde eu moro e disse pra que eu passasse no trabalho dele quando eu chegasse assim eu fiz, nossos horários deram direitinho a h ora que eu cheguei ele estava fechando a farmácia que ele trabalhava, mas ele ainda tinha um a ultima entrega para fazer, como era caminho de onde iríamos buscar a chave, achei que fosse viável eu ir junto, assim ganhávamos tempo, então subi na moto dele que era uma Honda 150 e fomos, fizemos a entrega e estávamos indo buscar as chaves. Estávamos em uma rua de terra, e fizemos uma curva para entrarmos na rodovia, até então tudo certo, acho que andamos cerca de 100 metros depois da curva e eis que vinha descendo um carro Corsa de cor vinho, em alta velocidade na contra mão, não deu tempo de desviar foi tudo muito rápido, batemos de frente com o carro, a batida foi tão forte que eu voei da moto e na hora em que eu voei pensei que iria morrer, pois estava sem capacete. Acho que desmaiei por uns 10 segundos, fui me levantar, pois não sentia dor, quando eu apoiei a perna esquerda no chão para dar impulso e poder me levantar senti que a perna direita não se mexeu, logo olhei para baixo e vi meu osso para fora, estava usando uma calça justa, mas isso não impediu que o osso rasgasse o jeans que era bem forte. Quando percebi que tinha sofrido uma fratura exposta não acreditei, pois realmente é inacreditável você olhar para sua perna e ver que o seu osso esta pra fora, pensei meu Deus será que eu vou morrer agora ou depois? Sangrava muito! Logo apareceu um monte de gente acho que tinha cerca de 100 pessoas lá, chamei meu cunhado que morava próximo ao local do acidente, não puder deixar de notar a cara dele de assustado quando me viu, perguntei a ele o que tinha na minha panturrilha, pois estava doendo muito, ele olhou e disse que tinha um corte grande, mal sabia eu e ele que na verdade eu tinha fraturado a tíbia em 3 partes, o resgate demorou mais de 40 minutos enquanto isso estava eu me meu amigo esvaindo-se em sangue ele perdeu parte do braço e teve fratura exposta de fêmur também. Enquanto eu estava no chão só pensava o que seria de mim, só consegui pedir pra Deus não me levar e não deixar eu perder minha perna, aparentemente eu estava calma, mas só Deus sabia o desespero dentro de mim. Quando o resgate chegou foram me colocar na maca, Meu Deus, como doeu. Cheguei ao hospital me levaram na emergência do hospital e lá eu fiquei por cerca de 1 hora e 30 minutos, me disseram que eu só iria ser operada depois do meu amigo porque só tinha uma equipe de médico. Desesperei-me mais ainda, pois dependendo da cirurgia pode durar até 5, 6, ou 10 horas, mas Deus estava no controle da situação, levaram o Elias para a cirurgia e esqueceram de tirar o raio-x, quando levaram ele para a mesa de raio-x ele teve uma parada cardíaca, por esse motivo não puderam operar ele, e ele foi para a UTI do hospital, então foi minha vez de ser operada. Naquele momento eu já sabia que não iria morrer, mas temia em acordar da cirurgia sem a perna. Fui tirar o raio-x, quase desmaiando de dor, pois precisei passar de uma maca para outra várias vezes. Quando cheguei ao CCO (centro cirúrgico ortopédico) o cirurgião que iria me operar já estava lá, percebi que ele estava muito irritado, porque os enfermeiros tinham feito algo errado, fiquei com muito medo. Levaram-me para sala de cirurgia e assim que eu deitei na mesa me deram anestesia geral. Acordei 7 horas depois eu estava intubada, o efeito da anestesia ainda não tinha passado por esse motivo eu não conseguia me mexer, e o tubo na minha garganta dava a impressão que eu estava me sufocando, fiquei desesperada, pois não conseguia respirar, até que uma enfermeira olhou pra mim e percebeu que eu não conseguia fazer movimento nenhum e que eu não estava conseguindo respirar, então ele pediu pra eu ter calma, no mesmo momento ela retirou o tubo e eu respirei como nunca havia respirado antes, meus movimentos estava voltando aos poucos e quando eu consegui mexer a minha cabeça olhei para baixo e vi a minha perna lá Graças á Deus, porém eu estava usando um fixador que ia da minha coxa perto do quadril até a canela perto do pé, ou seja estava literalmente ferrada (risos) eu ainda estava desnorteada mas estava feliz, pois minha perna estava lá por mais ruim que fosse a situação minha perna estava lá. A partir daí começou a tortura em vários sentidos, fiquei internada por 32 dias nesse período passei por 3 cirurgias a primeira, eu tirei o fixador de cima para colocar platina. Novamente estava eu no CCO, quando acordei dessa segunda cirurgia eu tinha mais ou menos 50 pontos na perna. Fui para o meu quarto já sentindo dor, quando o efeito da anestesia já estava passando e dor aumentava de 5 em 5 minutos, era mais ou menos 00:00 e eu não conseguia dormir de tanta dor. Depois de umas 2 horas eu consegui pegar no sono, mas acordava toda hora. Acordei no dia seguinte e comecei novamente a rotina do hospital o dor havia passado, mas ainda estava dolorido tomei meu café e fui tomar banho, quando estava no chuveiro percebi que a dor estava voltando só que com mais intensidade, deitei-me na cama novamente e pedi pra que uma enfermeira me aplicasse o remédio para dor, ela disse que não poderia pois eu havia tomado uma dose há algumas horas atrás, ela pediu pra que eu esperasse um pouco, a dor não passava, a cada momento ela piorava, eu já não agüentava mais. Tomei outra dose do remédio mais não fazia efeito algum, a dor era tão insuportável que eu estava tendo vertigens pensei até que teria que amputar minha perna porque a dor não passava, achei que tivessem esquecido algo lá dentro de tenta dor, na verdade deixaram algo lá dentro, uma platina bem grande com vários parafusos! Quando perceberam que eu de fato não estava mais suportando a dor, ligaram para o cirurgião que me operou, e então ele disse para aplicarem morfina em mim, demorou uns 15 minutos até que a morfina começasse a fazer efeito! Ainda fiquei por volta de 4 dias sentindo dores, por causa da cirurgia. 7 dias antes deu ter alta fiz a terceira cirurgia, dessa vez tiraram o fixador que ficou na canela para colocarem uma gaiola que eu usei por cerca de 9 meses. Enfim tive alta e fui para casa, a gaiola era algo que incomodava muito, mas aprendi a conviver com ela e entender que naquele momento ela fazia parte do meu corpo. Fiquei mais 1 mês em casa deitada, só levantava para tomar banho e mais nada, comecei a andar de muleta aos poucos pois tinha medo não tinha segurança para andar novamente algo que eu não fazia ah 2 meses, cai 2 vezes mas graças á Deus não me machuquei. Sempre havia pessoas me auxiliando em tudo. Minha família benção de Deus sempre cuidando de mim, todo carinho e amor que recebi deles foi essencial para a minha recuperação. Em agosto de 2008 eu fiz a quarta cirurgia, para retirar a gaiola, não via a hora de me ver livre daquilo, mesmo com a gaiola eu comecei a fazer fisioterapia, meu joelho estava completamente travado, não conseguia dobrar a perna por causa do joelho, com muitas sessões de fisioterapia hoje eu consigo dobrar cerca de 100º graus ainda continuo fazendo fisioterapia, pois não estou completamente recuperada. Agradeço á Deus que me deu a oportunidade de fazer esse breve resumo da minha história, se não fosse por ele hoje eu não estaria aqui. Espero que algo que eu tenha dito sirva para algo em sua vida. Deus os abençoe!